A semana iniciou e com ela a esperança de um mundo melhor. Sei que teremos desafios pela frente, mas resolvi enfrenta-los. No café da manhã, em diálogo com minha esposa, comento:
_ Será que a pandemia vai perdurar por muito tempo?
_ Acredito que até meados de junho estaremos ainda em distanciamento social. – respondeu minha esposa.
Olhou para ela angustiado. Já estava incomodado pelo fato de não ter tido mais contato com minha avó.O desejo de protegê-la não me permite ir até a sua casa. Minha esposa, ciente disso fala:
_ Sei que as coisas não estão fáceis, sei da saudade que senti de se aproximar de sua avó. Mas tudo isso irá passar.
Apenas a olhei. Despedi-me e fui ao trabalho. Durante o percurso avistei pessoas andando tranquilamente sem nenhuma proteção. Pessoas sem máscaras próximas uma das outras. Muita gente é mesmo sem noção.
Chegou ao trabalho. Uma farmácia que precisa ficar aberta para atender ao público. Afinal, muitas pessoas precisam de remédios. As outras doenças não pararam de existir.
Dirijo-me ao balcão devidamente protegido para atender ao público e ao mesmo tempo me proteger. Observo ao redor desse e vejo clientes, alguns aparentemente tranquilos, outros extremamente preocupados com o nível de contágio do COVID19.
De repente aparece uma jovem, que perguntou:
_ Há fraldas geriátricas?
_ Vou olhar no estoque, pois as da prateleira acabaram. – informei.
_ Cuido da minha bisavó, que precisa fazer uso dessas rotineiramente. – ela comentou.
Fui ao estoque e retornei.
_ Ah, tem sim! – informei a simpática jovem.
_Qual idade da sua bisavó? – findei questionando.
_ Ela é uma senhorinha agradável com oitenta anos de idade. Está- me esperando e ficou em casa fazendo máscara para doação.
– Que coisa bonita! – exclamei.
Ela riu, pagou e levou as fraldas. E a imagem da minha avó pairou em minha cabeça.
_ É verdade! Posso até não ver presencialmente a minha avó durante esse período, mas ela acaba se fazendo presente em cada história dessa que chega aqui. – sussurrei para mim mesmo.
E, certamente, aquela bisavó está sendo zelada por sua bisneta e a minha avó, assim como tantas outras estão em casa com alguns familiares, aguardando o dia em que terá a oportunidade de abraçar os demais que estão distantes. E nós, filhos, netos e bisnetos estamos tendo a oportunidade de perceber o quão importante são os idosos para nossa vida.
_ Ah, sim! Isso vai passar! E logo estarei com ela para comer aquele cuscuz com ovo no café da manhã. Nosso prato preferido.
Esse encontro vai acontecer, vamos dar muitas gargalhadas e afetuosos abraços. A COViD 19 será apenas uma importante lembrança para darmos importância as coisas simples da vida.
Robélia Aragão
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